X-Men – O Filme (X-Men)
Bryan Singer, o diretor, cavou seu espaço em Hollywood com um filme incrível chamado Os Suspeitos (Usual Suspects), que se tornou um sucesso de público e crítica. Trazia no elenco dois Kevins, o Spacey, mais conhecido como o assassino serial de Seven, Os Sete Crimes Capitais (Seven), e o Pollack, o eterno coadjuvante de filmes como Refém (Hostage) e Meu Vizinho Mafioso (The Whole Nine Yards), além de nomes como Benicio del Toro e Stephen Baldwin. O filme tinha uma história simples que envolvia uma transação ilícita que dá errado e o desenrolar do caso através da ótica dos detetives responsáveis e sua única testemunha, sobrevivente da chacina. Simples, mas muito bem contada. O exemplo clássico da boa idéia na cabeça e a câmera na mão. Seu filme seguinte ainda não foi este X-Men. Singer lançou outra bela obra, desta vez muito mais incisiva e menos comercial, baseada um livro de Stephen King, onde focava sua lente para as heranças do nazismo, num verdadeiro jogo psicológico travado por um ex-carrasco nazista e um garoto interessado demais em suas histórias. O Aprendiz (Apt Pupil) marcou a primeira colaboração do ator Ian McKellen com o diretor, repetindo-se em seus dois próximos trabalhos, X-Men (X-Men) e X-Men 2 (X-Men United). E são justamente estes dois filmes que fizeram a fama do diretor.
X-Men, O Filme, foi uma produção recheada de problemas. Wolverine, vivido por Hugh Jackman, o personagem mais conhecido entre os mutantes – e também o mais idolatrado – deveria ser interpretado por Dougray Scott, o vilão de Missão Impossível 2 (Mission Impossible 2), mas devido a atrasos neste último, sua participação teve que ser cortada. Os fãs das HQ – sempre eles – lotavam sites de comentários criticando desde a escalação do elenco a escolha do próprio diretor, afinal, Bryan Singer dirigindo um filme de ação? Não bastasse isso, o lançamento do filme foi antecipado pelo estúdio em cerca de 6 meses, fazendo com que sua conclusão se efetivasse apenas algumas semanas antes de sua estréia. Tudo parecia caminhar para mais uma adaptação simplória de uma HQ famosa. Parecia, pois Singer não deixou a peteca cair. Entregou um filme enxuto e bem realizado, que na medida do possível explicava aos novatos a origem dos mutantes enquanto entregava aos fãs – sempre eles – uma história digna das melhores edições em papel dos mutantes. Em seu primeiro final de semana, o filme arrecadou algo em torno de U$ 55 milhões, apenas nos EUA e encerrou o circuito mundial com quase U$ 350 milhões em caixa. Era inevitável, portanto, uma sequência. E ela veio muito melhor planejada – e executada – 3 anos depois, com X-Men 2, e cerca de U$ 450 milhões nas bilheterias de todo o mundo. No terceiro filme, Singer passou a direção para o amigo Bratt Ratner (diretor de Dragão Vermelho e da trilogia A Hora do Rush), e assumiu a terrível missão de ressucitar outro ícone das HQ. Desta vez, um senhor ícone, que já tinha feito o seu debut na tela grande. E que debut, em grandíssimo estilo, pelas mãos do diretor Richard Donner, em 1978. Quase 30 anos depois, em 2006, Singer lançou o esperadíssimo Superman, O Retorno (Superman Returns), que apesar da excelente bilheteria, não convenceu totalmente o estúdio que o produziu. O filme é impecável tecnicamente, mas se perde um pouco na história, focando em demasia no romance acucarado entre Clark Kent e Lois Lane, e deixando de lado aquilo que o que o público realmente queria ver: Superman salvando a humanidade. Uma sequência para este filme, que marcou o retorno do homem de aço as telas do cinema, ainda não está em vista.
Singer sentiu a pressão, chamou um astro que comumente lota os cinemas, e dois anos depois lançou Operação Valquíria (Valkyrie), menos pretencioso e bastante eficiente. Mais uma vez sobre o nazismo, mas desta vez contando a história real de um engenhoso plano para matar Hitler. Como todos já sabiam o final, a dura tarefa aqui era manter a tensão durante as duas horas de projeção. E Singer prova novamente que entende de seu ofício. Operação Valquíria não decepciona, tornando-se um bom passatempo.
Mas, para não perder o costume, o verdadeiro passatempo vem agora. Vamos seguir os passos dos mutantes na América. E seus esconderijos prediletos estão exatamente aqui, em Toronto, no Canadá. Até mesmo o local mais sombrio, que aparece apenas como um flashback para contar a história dos poderes do vilão magneto, fica na cidade. Na cena que representa um campo de concentração da segunda grande guerra, o prédio de tijolos vermelhos que vemos de fundo é na verdade um imenso galpão abandonado (na época das filmagens) onde antes funcionava a sede da Gooderham Worts Distillery, a segunda maior destilaria de whisky do Canadá, lá nos idos de 1860. Hoje, totalmente revitalizado, o imenso local conhecido como Distillery District (é só perguntar que todos por lá conhecem), abriga cafés, restaurantes, lojas, teatros, estúdios de cinema e inclusive uma micro-cervejaria, a Mill Street Brewery, bastante prestigiada pela população local. Uma ótima oportunidade de conhecer um belo ponto turístico e cultural de Toronto, visitar a locação de um sucesso dos cinemas e ainda terminar o dia tomando uma excelente cerveja produzida no local. Não há mutante no mundo que lutaria contra um programa desses. Ah, e o bar que vemos no filme, no meio de uma região gelada, onde somos apresentados ao herói Wolverine, também foi filmado ali, no interior dos galpões da antiga destilaria.
Sem dúvida, Distillery District é o mais interessante dos locais de gravação de X-Men. Principalmente por se tratar de um incrível centro cultural e gastronômico, bem ao estilo europeu, onde pode-se fazer um happy hour, uma pequena pausa para um café ou até mesmo apreciar um belo jantar após uma ótima sessão de teatro local. Mas a cidade ainda cedeu alguns outros pontos (lindos por sinal) para a realização do filme. A escola para mutantes, comandada pelo Dr. Xavier (em inglês é mais chique, e se pronuncia Ecseivier) foi formada por dois pontos distintos. O interior foi filmado na Casa Loma, um museu e ponto turístico da cidade, localizado no número 1 Austin Terrace, na extremidade norte da Spadina Road. Aqui também fica o antigo estábulo onde o personagem Ciclope guarda sua motocicleta. O musical Chicago também teve cenas gravadas nesta casa. Já o exterior da escola foi filmado na cidade de Oshawa, há cerca de 50 minutos do centro de Toronto, num ligar chamado Parkwood Estate, número 270 da Simcoe Street North, o mesmo lugar utilizado pela produção de filmes como Hollywoodland, Bastidores da Fama (Hollywoodland), com Ben Affleck e Billy Madison e Um Herdeiro Bobalhão (Billy Madison), com Adam Sandler. Ainda, na bela cena – com uma excelente posição de câmeras, típica das HQ – onde vemos pela primeira vez um encontro entre Magneto e Xavier, num corredor circular com uma cobertura de aço e vidro, estamos na realidade dentro do Roy Thomson Hall, número 30 da Simcoe Street, uma incrível casa destinada a concertos, shows e mostras de cinema. E para finalizar, a estação de trem supostamente localizada em Westchester (EUA), onde acontece uma cena de ação eletrizante, é na verdade a CNR (Canadian National Railway) Station da James Street North, também conhecida como Liuna Station, na cidade de Hamilton, há cerca de 1 hora ao sul de Toronto. São todas locações incríveis, facilmente reconhecidas a primeira vista. Um prato cheio.
Making off
- Para desespero dos fãs – sempre eles – alguns personagens famosos ficaram fora do filme, como Gambit e Fera;
- Para desespero dos fãs – sempre eles – Vampira ficou muito diferente da personagem original, que é uma mulher. No filme, é uma adolescente insegura;
- Foi lançado um DVD com o título X-Men 1.5, recheado de extras e cenas deletadas. Ufa, um alívio para os fãs!
- Para desespero dos fãs – sempre eles – alguns personagens famosos ficaram fora do filme, como Gambit e Fera;
- Para desespero dos fãs – sempre eles – Vampira ficou muito diferente da personagem original, que é uma mulher. No filme, é uma adolescente insegura;
- Foi lançado um DVD com o título X-Men 1.5, recheado de extras e cenas deletadas. Ufa, um alívio para os fãs!