sexta-feira, 16 de julho de 2010

Wolverine também toma cerveja! - A Toronto de X Men, O Filme


X-Men – O Filme (X-Men)


Bryan Singer, o diretor, cavou seu espaço em Hollywood com um filme incrível chamado Os Suspeitos (Usual Suspects), que se tornou um sucesso de público e crítica. Trazia no elenco dois Kevins, o Spacey, mais conhecido como o assassino serial de Seven, Os Sete Crimes Capitais (Seven), e o Pollack, o eterno coadjuvante de filmes como Refém (Hostage) e Meu Vizinho Mafioso (The Whole Nine Yards), além de nomes como Benicio del Toro e Stephen Baldwin. O filme tinha uma história simples que envolvia uma transação ilícita que dá errado e o desenrolar do caso através da ótica dos detetives responsáveis e sua única testemunha, sobrevivente da chacina. Simples, mas muito bem contada. O exemplo clássico da boa idéia na cabeça e a câmera na mão. Seu filme seguinte ainda não foi este X-Men. Singer lançou outra bela obra, desta vez muito mais incisiva e menos comercial, baseada um livro de Stephen King, onde focava sua lente para as heranças do nazismo, num verdadeiro jogo psicológico travado por um ex-carrasco nazista e um garoto interessado demais em suas histórias. O Aprendiz (Apt Pupil) marcou a primeira colaboração do ator Ian McKellen com o diretor, repetindo-se em seus dois próximos trabalhos, X-Men (X-Men) e X-Men 2 (X-Men United). E são justamente estes dois filmes que fizeram a fama do diretor.


X-Men, O Filme, foi uma produção recheada de problemas. Wolverine, vivido por Hugh Jackman, o personagem mais conhecido entre os mutantes – e também o mais idolatrado – deveria ser interpretado por Dougray Scott, o vilão de Missão Impossível 2 (Mission Impossible 2), mas devido a atrasos neste último, sua participação teve que ser cortada. Os fãs das HQ – sempre eles – lotavam sites de comentários criticando desde a escalação do elenco a escolha do próprio diretor, afinal, Bryan Singer dirigindo um filme de ação? Não bastasse isso, o lançamento do filme foi antecipado pelo estúdio em cerca de 6 meses, fazendo com que sua conclusão se efetivasse apenas algumas semanas antes de sua estréia. Tudo parecia caminhar para mais uma adaptação simplória de uma HQ famosa. Parecia, pois Singer não deixou a peteca cair. Entregou um filme enxuto e bem realizado, que na medida do possível explicava aos novatos a origem dos mutantes enquanto entregava aos fãs – sempre eles – uma história digna das melhores edições em papel dos mutantes. Em seu primeiro final de semana, o filme arrecadou algo em torno de U$ 55 milhões, apenas nos EUA e encerrou o circuito mundial com quase U$ 350 milhões em caixa. Era inevitável, portanto, uma sequência. E ela veio muito melhor planejada – e executada – 3 anos depois, com X-Men 2, e cerca de U$ 450 milhões nas bilheterias de todo o mundo. No terceiro filme, Singer passou a direção para o amigo Bratt Ratner (diretor de Dragão Vermelho e da trilogia A Hora do Rush), e assumiu a terrível missão de ressucitar outro ícone das HQ. Desta vez, um senhor ícone, que já tinha feito o seu debut na tela grande. E que debut, em grandíssimo estilo, pelas mãos do diretor Richard Donner, em 1978. Quase 30 anos depois, em 2006, Singer lançou o esperadíssimo Superman, O Retorno (Superman Returns), que apesar da excelente bilheteria, não convenceu totalmente o estúdio que o produziu. O filme é impecável tecnicamente, mas se perde um pouco na história, focando em demasia no romance acucarado entre Clark Kent e Lois Lane, e deixando de lado aquilo que o que o público realmente queria ver: Superman salvando a humanidade. Uma sequência para este filme, que marcou o retorno do homem de aço as telas do cinema, ainda não está em vista.


Singer sentiu a pressão, chamou um astro que comumente lota os cinemas, e dois anos depois lançou Operação Valquíria (Valkyrie), menos pretencioso e bastante eficiente. Mais uma vez sobre o nazismo, mas desta vez contando a história real de um engenhoso plano para matar Hitler. Como todos já sabiam o final, a dura tarefa aqui era manter a tensão durante as duas horas de projeção. E Singer prova novamente que entende de seu ofício. Operação Valquíria não decepciona, tornando-se um bom passatempo.


Mas, para não perder o costume, o verdadeiro passatempo vem agora. Vamos seguir os passos dos mutantes na América. E seus esconderijos prediletos estão exatamente aqui, em Toronto, no Canadá. Até mesmo o local mais sombrio, que aparece apenas como um flashback para contar a história dos poderes do vilão magneto, fica na cidade. Na cena que representa um campo de concentração da segunda grande guerra, o prédio de tijolos vermelhos que vemos de fundo é na verdade um imenso galpão abandonado (na época das filmagens) onde antes funcionava a sede da Gooderham Worts Distillery, a segunda maior destilaria de whisky do Canadá, lá nos idos de 1860. Hoje, totalmente revitalizado, o imenso local conhecido como Distillery District (é só perguntar que todos por lá conhecem), abriga cafés, restaurantes, lojas, teatros, estúdios de cinema e inclusive uma micro-cervejaria, a Mill Street Brewery, bastante prestigiada pela população local. Uma ótima oportunidade de conhecer um belo ponto turístico e cultural de Toronto, visitar a locação de um sucesso dos cinemas e ainda terminar o dia tomando uma excelente cerveja produzida no local. Não há mutante no mundo que lutaria contra um programa desses. Ah, e o bar que vemos no filme, no meio de uma região gelada, onde somos apresentados ao herói Wolverine, também foi filmado ali, no interior dos galpões da antiga destilaria.


Sem dúvida, Distillery District é o mais interessante dos locais de gravação de X-Men. Principalmente por se tratar de um incrível centro cultural e gastronômico, bem ao estilo europeu, onde pode-se fazer um happy hour, uma pequena pausa para um café ou até mesmo apreciar um belo jantar após uma ótima sessão de teatro local. Mas a cidade ainda cedeu alguns outros pontos (lindos por sinal) para a realização do filme. A escola para mutantes, comandada pelo Dr. Xavier (em inglês é mais chique, e se pronuncia Ecseivier) foi formada por dois pontos distintos. O interior foi filmado na Casa Loma, um museu e ponto turístico da cidade, localizado no número 1 Austin Terrace, na extremidade norte da Spadina Road. Aqui também fica o antigo estábulo onde o personagem Ciclope guarda sua motocicleta. O musical Chicago também teve cenas gravadas nesta casa. Já o exterior da escola foi filmado na cidade de Oshawa, há cerca de 50 minutos do centro de Toronto, num ligar chamado Parkwood Estate, número 270 da Simcoe Street North, o mesmo lugar utilizado pela produção de filmes como Hollywoodland, Bastidores da Fama (Hollywoodland), com Ben Affleck e Billy Madison e Um Herdeiro Bobalhão (Billy Madison), com Adam Sandler. Ainda, na bela cena – com uma excelente posição de câmeras, típica das HQ – onde vemos pela primeira vez um encontro entre Magneto e Xavier, num corredor circular com uma cobertura de aço e vidro, estamos na realidade dentro do Roy Thomson Hall, número 30 da Simcoe Street, uma incrível casa destinada a concertos, shows e mostras de cinema. E para finalizar, a estação de trem supostamente localizada em Westchester (EUA), onde acontece uma cena de ação eletrizante, é na verdade a CNR (Canadian National Railway) Station da James Street North, também conhecida como Liuna Station, na cidade de Hamilton, há cerca de 1 hora ao sul de Toronto. São todas locações incríveis, facilmente reconhecidas a primeira vista. Um prato cheio.


Making off
- Para desespero dos fãs – sempre eles – alguns personagens famosos ficaram fora do filme, como Gambit e Fera;
- Para desespero dos fãs – sempre eles – Vampira ficou muito diferente da personagem original, que é uma mulher. No filme, é uma
adolescente insegura;
- Foi lançado um DVD com o título X-Men 1.5, recheado de extras e cenas deletadas. Ufa, um alívio para os fãs!

a Los Angeles do passado, presente e futuro, em Back to the Futuure


De Volta para o Futuro (Back to the Future)


Falar sobre De Volta para o Futuro – e rever De Volta para o Futuro – é fácil e extremamente divertido, afinal o filme foi concebido como uma aventura juvenil com pitadas de comédia e ficção científica. Uma produção típica do verão americano, criada para entreter sem compromisso, dar risadas prazerosas e torcer pelo mocinho. E ela cumpre os objetivos, com louvor e estrelinhas. Tudo na produção foi perfeito. A escalação de Michael J. Fox como o jovem Marty McFly – Eric Stolz chegou a gravar algumas cenas, mas foi cortado logo no início por não convencer como adolescente – Christopher Lloyd como o amalucado doutor Emmett Brown; uma história muito bem amarrada sobre viagens no tempo e uma música, “The Power of Love” de Huey Lewis, que se tornou símbolo da aventura, juntamente com o DeLorean, a máquina do tempo mais interessante já inventada. De Volta para o Futuro é identificado hoje através de uma sigla, quase uma marca registrada, BTTF, possui vários sites e blogs, que são atualizados constantemente – os filmes são de 1985, 1989 e 1990, respectivamente – e vende miniaturas do DeLorean a rodo pela internet. Mesmo quem não tem uma videoteca em casa, tem uma cópia da trilogia De Volta para o Futuro na estante. Se não tem, toda vez que vê nas lojas, pensa em comprar. Só fica na dúvida se leva esta, ou a trilogia (agora quadrilogia) Indiana Jones.


Isso só acontece com obras superiores, idealizadas por mentes igualmente superiores: Coppola com O Poderoso Chefão; Spielberg com Indiana Jones; mais recentemente os irmãos Wachowski com Matrix e Robert Zemeckis com este BTTF. Todas marcaram época e ditaram moda no seu gênero. E todas continuam vivas e pulsantes nas mentes e corações de cinéfilos mundo afora. Basta ver a capa desses filmes nas locadoras, ouvir a música tema nas rádios ou ver uma chamada de sua reapresentação na TV, que todos os sentimentos e emoções da primeira vez que vimos os filmes, voltam a tona. E se tivermos tempo, com certeza estaremos na frente da TV para revermos qualquer um deles novamente. Assim é um clássico. Um filme que não se esquece, não envelhece e não morre. Quando menos se percebe, estamos mais uma vez acompanhando a mesma história, repetindo as falas e vibrando com as cenas de ação. Viramos uma criança que acabou de ganhar um brinquedo novo. E nessa hora, como toda criança, é melhor não nos interromper.


O final de BTTF deixava muito mais que um gostinho de quero mais. Deixava uma ponta solta cheia de tantas possibilidades que não demorou muito para os produtores voltarem ao trabalho. Claro, tudo dependia da bilheteria do primeiro filme. E obviamente, o resultado não podia ser melhor, com quase U$ 400 milhões arrecadados pelo mundo. Sinal mais do que verde para uma continuação. E o que foi noticiado a seguir deixou todos cinéfilos empolvorosa. O filme não teria uma, mas duas continuações. E o melhor, seriam rodadas simultaneamente e lançadas no cinema com um itervalo de 6 meses apenas. Algo que viria a se repetir anos mais tarde com o sucesso de Matrix. E, assim como aconteceu com a trilogia Matrix, um dos filmes rodados simultaneamente sofreria com o corre-corre da produção. No caso de BTTF, os dois filmes sofreram. O segundo filme teve problemas com a história, que fez os protagonistas irem e voltarem no tempo tantas vezes que foi necessário dar uma pausa no filme para explicar em que pé estava o enredo. O terceiro sofreu com o ritmo, que claramente demonstrava o cansaço de todos envolvidos na produção. O próprio diretor, Bob Zemeckis, admitiu a falta de tempo para cuidar melhor de cada filme. Mas ainda assim, os dois filmes tem o doce sabor do sucesso de Hollywood. Entretem e divertem, e no final, após tantas reviravoltas, concluem a odisséia de Marty McFly de uma maneira digna e plausível, deixando um irremediável sentimento de saudade. De Volta para o Futuro é uma trilogia para ver e rever, quantas vezes quiser e puder. E mesmo sabendo de tudo que vai acontecer, não tem como desviar as atenções da tela por um minuto sequer. That’s the Power of Love, já dizia Huey Lewis.


E se rever o filme desperta uma gostosa sensação de saudosismo, espere para chegar aos locais de gravação, a maioria ainda de pé e intacta. Como é o caso da filial de fast food Burger King, que aparece logo no início do filme, após a cena de abertura onde Marty McFly explode uma caixa de som de tamanho absurdo. Com a canção tema de fundo, acompanhamos o adolescente andando de skate e pegando carona na traseira de uma caminhonete, que saía da lanchonete. Ela ainda existe, exatamente como vemos no filme, no mesmo endereço, número 535 north da Victory Boulevard, em Burbank, a apenas 15 minutos ao norte de Los Angeles. E o shopping onde toda a confusão acontece, o Twin Pins Mall – ou Lone Pine Mall, preste bem atenção no filme – é na verdade o Puente Hills Mall, número 1600 da Azusa Avenue, City of Industry, 25 minutos a leste de Los Angeles.


Que tal dar uma passadinha na casa da família McFly, que ficava na pitoresca Lyon Estates, na fictícia cidade de Hill Valley, com as gigantescas torres de energia elétrica de fundo. Ela também existe – a casa, e não a cidade – e continua do mesmo jeito, no número 9303 da Roslyndale Avenue, Pocoima, a cerca de 25 minutos ao norte de Los Angeles. Ou então, que tal conhecer a moradia de doutor Emmett Brown, no ano de 1955? E aqui a notícia não poderia ser melhor. Esta casa é aberta a visitação. Não pelo fato de ter participado do filme, mas por ter sido uma das residências do casal David e Mary Gamble, um dos sócios da “pequena” empresa Procter and Gable. Já ouviu falar? Pois então, o casal morreu em 1920, mas a casa permaneceu com a família por muitos anos, até que um dos filheos decidiu vendê-la. Quando ouviu de um dos interessados na compra, que gostaria de pintar a casa porque a achava muito escura e sombria, o filho percebeu que o local deveria ser preservado, afinal, a casa foi projetada por dois dos arquitetos mais famosos dos EUA, os irmãos Charles e Henry Greene. E assim foi feito. A casa é mantida hoje pela University of Souther Califórnia, e pode ser visitada diariamente. A casa se chama, obviamente, The Gamble House, e fica no número 4 da Westmoreland Place, em Pasadena, a cerca de 20 minutos a nordeste de Los Angeles. Não é permitido fotos no interior da casa. Fato esse que não atrapalha a visitação, pois o interior da casa, que aparece no filme, não foi filmado na Gamble House. As internas – inclusive a porta de entrada – foram filmadas em outra criação dos arquitetos Greene, chamada RR Blacker Hill House, e também fica em Pasadena, no número 1177 da Hillcrest Avenue, região de Oak Knoll. E por último, as casas do futuro pai de Marty, George McFly e da futura mãe, Lorraine, também ficam em Pasadena. No filme, elas estão uma de frente para a outra. Mas na realidade, não é bem assim. Ficam na mesma rua, e ainda no mesmo lado, nos números 1711, casa de George, e 1727, casa de Lorraine, onde Marty é atropelado quando vai salvar George do acidente que deveria estar fazendo parte, no meio da Bushnell Avenue, South Pasadena. É ali, neste pequeno endereço, que a verdadeira confusão se inicia.


E as sequências, onde foram filmadas? Ora, no futuro e no passado, respectivamente. Brincadeiras a parte, a continuação do primeiro filme mescla cenas do futuro, no centro da cidade de Hill Valley, novamente em estúdio, e cenas de 1985 e 1955. Nste último ano, podemos destacar o túnel onde Marty McFly, escondido no banco de trás do caro do jovem Biff, tenta recuperar o almanque esportivo do futuro, a causa de toda a confusão deste segundo filme. Ele fica em Griffith Park, número 4730 da Crystal Springs Drive, em Los Angeles ainda, mesmo túnel usado para a entrada na “Desenholândia”, Em Uma Cilada para Roger Rabitt (Who Framed Roger Rabitt?), também dirigido por Robert Zemeckis. Já no terceiro filme, o destaque fica para as sequências filmadas em Monumet Valley, no Arizona, a aproximadamente 12 horas de carro de Los Angeles. Longe, mas se sobrar tempo, vale a pena visitar o deserto predileto de Hollywood para filmar faroestes. Mas é claro, se você tiver um DeLorean capaz de viajar no tempo, essa escapadinha de Los Angeles não vai lhe custar nem um minuto sequer. Como é bom sonhar com as aventuras do cinema.


Making off
- O ator Crispin Glover (George McFly) foi cortado das continuações porque, após o sucesso do primeiro filme, queria receber um cachê que segundo a produção era maior que o de Michael J. Fox. Assim o roteiro foi mudado e o personagem não aparece (pois foi morto numa realidade alternativa do tempo);
- Em De Volta Para o Futuro 2, um cinema do futuro anuncia o lançamento de Tubarão 19, dirigido por Max Spielberg.
Steven Spielberg, um dos produtores executivos do filme, realmente tem um filho chamado Max;- Quando Marty McFly chega em 2015, ele olha pela vitrine de uma loja de antiguidades e lá vê uma jaqueta que ele mesmo usava em 1985, um boneco do personagem Roger Rabbit e um jogo da Nintendo baseado no filme Tubarão, de 1975. Trata-se de uma homenagem a Tubarão, grande sucesso de Spielberg, e a Uma Cilada Para Roger Rabbit, dirigido pelo próprio Robert Zemeckis;
- O Almanaque que é entregue ao jovem Biff dizia que em 1997 um time da Florida ganharia o Campeonato Nacional de Baseball. Pois em 1997, o Florida Marlins, um time que nem existia quando De Volta Para o Futuro 2 foi realizado, ganhou o Campeonato Nacional de Baseball;
- A banda que toca no Festival da Cidade, na terceira parte da trilogia, é "ZZ Top", que escreveu e tocou a música DoubleBack, para a trilha sonora do filme;
- De Volta Para o Futuro I ganhou o Oscar de Efeitos Especiais e foi indicado para melhor Roteiro, Som e Música (Power of Love);
- Originalmente, a máquina do tempo seria uma geladeira e não o DeLorean. Robert Zemeckis disse numa entrevista que ele e Steven Spielberg descartaram essa idéia, pois não queriam que crianças entrassem em geladeiras e ficassem presas;
- Steven Spielberg, produtor do filme, é o motorista da pick-up que dá uma "carona" a Marty até a escola, no começo do primeiro filme;
- O jurado da "Batalha das Bandas", que fala que Marty toca muito alto, é Huey Lewis, autor da música “The Power of Love”;
- No versão lançada nos cinemas, não havia a frase "To Be Continued..." no final de De Volta Para o Futuro. Essa frase só foi adicionada na versão em vídeo do filme, lançada em 1986, quando a Universal já planejava fazer a sequência, que eles esperavam que saisse em 1987. De Volta Para o Futuro II foi lançado em 1989;
- No segundo filme, há veículos utilizados em "Blade Runner" e "O último guerreiro das estrelas" estacionados ao redor da praça, durante a perseguição no hoverboard.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Da Escócia a NY, de Moto!! Esse documentário é incrível !


DVD (se possível)


Long Way Round


Sem título em português, este reality sobre motos foi ao ar na Inglaterra há uns 5 anos atrás. Não sei se está disponível no Brasil para locação, mas se você gosta de motos, entre no site http://www.longwayround.com/ e compre o original. É sensacional. O ator Ewan McGregor e seu amigo Charley Boormann (também ator, mas mais conhecido como filho de John Boormann, cineasta das antigas), foram de moto, de londres até NY, pelo leste! Ou seja, cruzaram diversos países como França, Mongólia, Russia entre vários outros até chegar nos EUA. Paisagens incríveis, acidentes, figuras pelo caminho, ou seja, cultura, viagem e motos por cerca de 10 episódios (não lembro o total) de 40 minutos cada. Participaram ainda uma equipe com 2 carros, que mantinha-se a certa distância dos motociclistas. Deu tão certo, que todos os envolvidos fizeram uma nova viagem há uns 2 anos, chamada Long Way Down , ou seja, norte sul, desde a Escócia até Cidade do Cabo, na África do Sul. Este último, ainda estou assistindo, mas não perde para a primeira viagem. É descontraído, com belas imagens, paisagens e locais históricos. E claro, muita poeira, acidentes e estradas esburacadas. Muito bom. Procure na locadora, não vai se arrepender. Se não encontrar, pode comprar no ebay, amazon, manda o tio trazer dos EUA, sei lá. É nota 10.

A Londres de Guy Ritchie, pré Madonna


Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (Lock, Stock and Two Smoking Barrels)

e

Snatch, Porcos e Diamantes (Snatch)


Jogo, Trapaças e Snatch são praticamente idênticos. Ainda assim, excepcionais. Apesar de apresentarem a mesma estrutura, sempre com inúmeros personagens – um mais exótico do que o outro – e passear pelo mesmo tema – assaltos, dívidas, mafiosos e muita violência – Snatch é Jogos e Trapaças com muito mais classe, charme e humor. Após o sucesso do primeiro, realizado com míseros U$ 1,6 milhões, Guy Ritchie ganhou espaço na mídia, e em Hollywood. Ganhou também maior liberdade criativa, mais dinheiro (cerca de U$ 10 milhões, o que nem é tanto assim, considerando o grande elenco, que inclui o astro Brad Pitt) e abusou ainda mais da estética da câmera lenta. Enquanto Jogos, Trapaças transparece em cada cena o cinema independente e de baixíssimo orçamento, Snatch já apresenta um pé na indústria de Hollywood, mas sem perder o gostinho do undergroud londrino, cheio de ruas estreitas e sujas (sempre percorridas por velhas e suspeitas vans) e pubs freqüentados por gente de poucas palavras. Bom para nós, espectadores, ruim para Ritchie, o diretor, que ficou injustamente rotulado como o melhor imitador de Quentin Tarantino. Ou justo, pois sua tentativa no campo do romance, com o filme Destino Insólito – protagonizado por sua então mulher, Madonna – é risível e frustrante. Para tentar recuperar o prestígio, voltou ao tema de seus primeiros filmes com Revolver, outra pataquada homérica. Ritchie só conseguiu se reerguer com Rock’n Rolla, que, obviamente, segue o mesmo esquema de Jogos, Trapaças e Snatch. Deu certo, voltou aos holofotes e ganhou o comando de Sherlock Holmes, novamente flertando com o gênero que consagrou sua carreira, e com o estilo visual mais uma vez repleto de muita câmera lenta. Sherlock Holmes foi um sucesso, provando que Ricthie aprendeu com seus erros e está mais do que apto a comandar um blockbuster. Elementar meu caro Ritchie.


Os dois filmes, como vimos, trafegam pelo submundo do crime em Londres. Ruas e vielas sujas, pubs em decadência e bares iluminados com neon dão o tom da trama. Muito disso é real, desaconselhável para turistas desavisados. Outro tanto, porém, permite uma visitação tradicional. Se é que há algo de tradicional nos filmes – e nas locações – de Guy Ritchie. Um dos lugares que mais aparece em Jogos, Trapaças é o esconderijo dos ladrões de primeira viagem. Ele fica na região de Borough, próximo ao mercado de Borough, que aparece no filme O Diário de Bridget Jones, número 15 da Park Street. Vá, tire uma foto, e bata em retirada. E os bares: o “JD’s” – que pertencia ao personagem de Sting, pai de Eddie – e o “Samoan Jo’s”, onde o grupo aguarda o encerramento do jogo de cartas que dá início a trama, também existem, e podem ser visitados, cautelosamente. Claro que os nomes não são os mesmos que vemos nos filmes. O primeiro se chama Vic Naylor, e fica no número 40 da St. John Street, em Smithfield. O segundo é o mais-londrino-impossível The Royal Oak, número 73 da Columbia Road, esquina com Ezra Street. Aliás, pubs londrinos parecem ser o forte de Guy Ritchie. Em Snatch, Porcos e Diamantes, Ritchie nos brinda com mais dois endereços obrigatórios na cidade. O Ye Olde Mitre Tavern, espremido entre os prédios da viela que encontramos entre os números 8 e 9 da Hatton Garden, que é ainda-mais-londrino-do-que-se-imagina. Tente achá-lo, e saiba de antemão que seu happy hour é concorridíssimo. Imperdível. O último deles é outro clássico da cidade, o The Jolly Gardeners, número 49 da Black Prince Road, esquina com a Tyers Street. É aqui, sob o nome falso de “The Drowning Trout”, que ocorre o tiroteio na saída do banheiro masculino, após o acidente automobilístico mais esquisito do cinema. Esquisito no bom sentido, claro. Mas é bom lembrar que nenhum destes bares (pubs) está acostumado a receber turistas e mochileiros. Seu público é formado por londrinos chegados numa boa cerveja – na quantidade e na qualidade – que não estão muito dispostos a mostrar a direção das atrações turísticas da cidade, ou a estação de metrô mais próxima. Então, cuidado com o “aproach” nestes lugares. Mas não deixe de visitá-los. É pura atmosfera londrina.



Making off:
- Sting participa de Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes. Sua esposa é produtora executiva do filme. E os dois apresentaram o diretor à cantora Madonna, alguns meses depois;
- Na Inglatera, 2 anos após o lançamento do filme, foi feita uma série televisiva de mesmo nome, Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes;
- Em Snatch, a música que "Bullet Tooth" Tony ouve no carro é "Lucky Star", da cantora
Madonna, que se casou com o diretor Guy Ritchie pouco após o término das filmagens de Snatch - Porcos e Diamantes;
- Vinnie Jones, ator que aparece nestes dois filmes, foi jogador de futebol na Inglaterra, chegando a jogar no Chelsea e no Leeds United, antes de se aposentar e “virar” ator de cinema.




Bônus

A Origem dos Pubs londrinos.



Um happy hour com os amigos? Pub. Ver um jogo do campeonato Europeu? Pub. Apenas ler o jornal? Pub. Ou aquela reunião para fechar um negócio? Por que não no Pub? O Pub – abreviação para Public Houses – é uma instituição sagrada na terra da Rainha. Quando o relógio marca 18:00, grande parte dos trabalhadores londrinos vai ao Pub para tomar uma cerveja. Só depois – após várias cervejas – é que se toma o rumo de casa. E não pense que lá se divide amigavelmente uma cerveja de 600 ml com os amigos, como se faz no Brasil. Nos Pubs londrinos, cada freqüentador pede a sua própria cerveja, normalmente servida num copo de aproximadamente 560 mililitros da bebida – ou pint – ou de 280 mililitros – ou half pint. Obviamente, cada londrino “absorve” alguns “pints” a cada novo happy hour.

Essa tradição já vem de muito tempo atrás. Muito mesmo, lá da época dos romanos, o povo responsável pela invasão e colonização da Inglaterra. Foram eles que construíram as primeiras tabernas e casas de vinho ao longo de estradas e dentro das grandes cidades. Os britânicos nativos adotaram – e adoraram – essa idéia, mas como sua preferência era a cerveja, foram então criadas as “alehouses” (ale, como eram conhecidas as cervejas britânicas), ou “beerhouses”. Com o tempo, algumas dessas ”beerhouses“ começaram a oferecer também alimentação e quartos para viajantes e comerciantes. Assim surgiram as “Public Houses”, carinhosamente apelidadas de Pubs. Os anos passam, e com eles os quartos e camas, dando lugar a mais mesas e balcões. A decoração chique, que utilizava madeira nobre, vidro e carpetes, também foi sendo incorporada, proporcionando aos freqüentadores dos agora Pubs, um ar nobre e requintado. Principalmente aos trabalhadores das fábricas londrinas, que encontravam nestes lugares o sossego e a elegância que seus trabalhos lhes tiravam.

O tempo passou e os Pubs viraram mania – e uma marca registrada – da cidade. Moradores locais e turistas dividem espaço – concorrido, diga-se de passagem – nos velhos balcões de madeira ou nas mesas redondas de antigos (alguns com mais de 400 anos) e novos Pubs. Na Inglaterra, hoje, soma-se algo em torno de 50.000 estabelecimentos. A maioria fecha entre as 23:00 e 24:00, e possui um sino para avisar seu fechamento. A primeira badalada quer dizer que se você ainda quer mais um pint, trate de pedi-lo imediatamente. A segunda badalada indica o fechamento do Pub. E não tem choro ou jeitinho brasileiro. Pegue suas coisas e vá pra casa. Lembre-se da pontualidade britânica.

Algumas características dos Pubs Londrinos merecem destaque. Na entrada – ou em alguma parede do lugar – pode-se encontrar as seguintes inscrições: Managed House, Tenanted (leased) Pub ou Free House. A primeira inscrição, Managed House, indica que o pub é de propriedade de uma cervejaria ou uma rede de pubs, que gerencia o negócio. O segundo, Tenanted (Leased) Pub indica que o lugar é de propriedade de uma cervejaria ou rede de pubs, mas tem o seu gerenciamento independente, com o proprietário apenas pagando uma taxa (licença) à cervejaria ou rede. O último, ou Free House Pub, quer dizer que o Pub não tem convênio com nenhuma cervejaria, comprando seu estoque onde bem entender. Outra curiosidade se relaciona aos nomes e as bandeiras de cada estabelecimento. Nenhum nome é escolhido ao acaso. Cada um tem uma história específica. Os mais velhos fazem alusão a era medieval, às cruzadas e aos tempos de Jesus, como o Saracen’s Head, Lamb and Flag, Ye Olde Trip to Jerusalem e Magna Carta. Já no século 18, quando os pubs ainda mantinham as cocheiras e os quartos para viajantes, seus nomes faziam referência aos serviços prestados, como o Coach and Horses e o Horse and Groom. E na época das ferrovias, já no século 19, nomes como Railway Arms e Station Hotel representavam o progresso que dava suas caras. Alguns outros nomes, como King’s Arms ou King-qualquer-coisa eram referências à época da reforma protestante, quando os reis adquiriram um poder extraordinário. Os proprietários dos Pubs, espertamente – e rapidamente – substituíram os nomes com referêcias católicas pelos nomes “reais”, por assim dizer. Cada nome tinha – e tem ainda – uma grande história por trás. Já as placas ilustradas que ficam penduradas na fachada do Pub vem de uma lei Real de 1393, que exigia que o estabelecimento que produzia e revendia verveja deveria manter uma placa indicativa em sua entrada, sob pena de perder o direito de comercialização. Como na época a maioria da população não sabia ler e escrever, a solução encontrada pelos proprietários foi colocar imagens que representassem seu nome e a qualidade da cerveja. Daí a presença de tantos reis, rainhas, duques, dragões e esportes reais ilustrando as placas e fachadas dos Pubs Londrinos. Hoje, constituem um detalhe indispensável a um bom estabelecimento.

História, tradição, cultura, charme e muita cerveja fizeram a fama e a mania das Public Houses entre a população da Inglaterra. Cada qual com suas características e decoração distinta, as mais variadas cervejas e um público específico, em sua maioria, freqüentadores fiéis que não trocam seu Pub por motivo nenhum. Alguns apresentaram dificuldade em se adaptar aos tempos modernos, com sucessivas crises financeiras e o avanço de grandes mercados oferecendo a bebida favorita dos ingleses a preços incomparáveis com os praticados nos Pubs. Mas a maioria resiste, para a festa dos britânicos e a alegria dos turistas. Por isso, na próxima vez que entrar num legítimo Pub Londrino, observe muito e beba mais ainda. Mas beba à tradição e à história. É ela que trouxe e mantém viva a mania pelos Pubs de Londres. Um Brinde! Ou melhor, cheers!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O Alasca na visão de Krakauer/Penn/McCandless


Na Natureza Selvagem (Into the Wild)


John Krakauer, o jornalista que escreveu o livro Na Natureza Selvagem, tem o dom de prender o leitor a cada parágrafo. Sua descrição, nem tão minuciosa a ponto de deixar a leitura monótona e nem tão simples a ponto de desconsiderar certas nuances, faz com que a emoção e o interesse cresçam constantemente a cada nova investida do personagem principal, País adentro. A história, por si só, já era assustadora. Com as palavras de Krakauer, a exemplo do que fizera em seu best seller No Ar Rarefeito, fica ainda mais impressionante, deixando o leitor com um frio na espinha em seu final trágico e inconseqüente.


Após a leitura, fica fácil entender porque Sean Penn comprou os direitos do livro e aguardou cerca de 10 anos para filmar a adaptação para o cinema. Penn queria a aprovação total da família McCandless para contar a história de seu filho, Chris McCandless, que sem muitas explicações, largou carro, dinheiro e documentos e foi viver a vida pelas estradas e cidades norte-americanas. Mesmo com formação superior, McCandless preferiu viver de bicos nas mais diversas áreas, sempre para acumular dinheiro suficiente apenas para a próxima aventura. Seu objetivo maior era viver no Alasca, sem pessoas por perto, em perfeita comunhão com a natureza. O que de fato se concretizou por um curto espaço de tempo, pouco antes de sua trágica aventura chegar ao fim. McCandless acreditava que era possível encontrar a felicidade plena sem a necessidade mesquinha do ser humano de consumir bens materiais, supérfluos ou não, e ainda de viver cercado de outras pessoas. Utopia ou não – o personagem chega a uma conclusão quase óbvia ao final, que podemos acompanhar através de seu diário de viagem – McCandless precisou vivenciar seu sonho para entender melhor a vida. Uma história, um livro e um filme belíssimos. Sean Penn consegue extrair de Emile Hirsch – o adolescente sortudo do filme Um Show de Vizinha – uma atuação incrível. Já no final da projeção, Emile estava 18 quilos mais magro, apresentando uma feição assustadora. Um verdadeiro trabalho de mestre. Sem falar na fotografia, tão perfeita quanto as verdadeiras locações por onde Chris passou. Na Natureza Selvagem é um filme memorável, que causa inveja, prazer e comoção. Em outras palavras, um baita nó na garganta.


O filme foi rodado nas mesmas locações percorridas por Chris McCandless, incluindo o ônibus abandonado do final da história. Para ter uma pequena idéia da enorme viagem do rapaz, veja a lista de locações abaixo, de A a Z:


Anchorage, Alaska, USA
Anza-Borrego Desert State Park - 200 Palm Canyon Drive, Borrego Springs, California, USA
Astoria, Oregon, USA
Atlanta, Georgia, USA
Beaverton, Oregon, USA
Black Hills Wild Horse Sanctuary - 12163 Highland Road, Hot Springs, South Dakota, USA
Boulder City, Nevada, USA
Bullhead City, Arizona, USA
Cantwell, Alaska, USA
Cape Disappointment, Washington, USA
Carthage, South Dakota, USA
Cheyenne Studios - 27567 Fantastic Lane, Castaic, California, USA
Copper River, Alaska, USA
Denali National Park, Alaska, USA
El Centro, California, USA
El Golfo de Santa Clara, Sonora, Mexico
Emory University - 954 Gatewood Road, Atlanta, Georgia, USA
Fairbanks, Alaska, USA
George Fox University - 414 N. Meridian Street, Newberg, Oregon, USA
Grand Canyon National Park, Arizona, USA
Healy, Alaska, USA
Hot Springs, South Dakota, USA
Lake Mead, Arizona, USA
Lake Tahoe, California, USA
Las Vegas, Nevada, USA
Laughlin, Nevada, USA
Lee's Ferry, Arizona, USA
Longview Fibre Company - 300 Fibre Way, Longview, Washington, USA
Los Algodones, Baja California, Mexico
Los Angeles, California, USA
Mount Hood, Oregon, USA
Needles, California, USA
Niland, California, USA
Orick Beach, Washington, USA
Page, Arizona, USA
Palm Springs, California, USA
Parker, Arizona, USA
Peach Springs, Arizona, USA
Portland, Oregon, USA
Reed College - 3203 SE Woodstock Boulevard, Portland, Oregon, USA
Reno, Nevada, USA
Salton City, California, USA
Salton Sea, California, USA
Santa Catalina Island, Channel Islands, California, USA
Seattle, Washington, USA
Sisters, Oregon, USA
Slab City, California, USA
South Dakota, USA
Topock, Arizona, USA
Winner, South Dakota, USA
Yuma, Arizona, USA

Penn filmou vários dias no Alasca, na maioria das vezes entre as cidades de Fairbanks e Anchorage, além de algumas outras áreas mais remotas, como a famosa – e perigosa – Stampede Trail, uma trilha aberta na década de 30 para facilitar a extração de minério da região. Nos anos 60, uma empresa de construção, a Yutan Construction, ganhou a licitação de um projeto que deveria melhorar a trilha que levava às minas, dando origem a Stampede Road. Alguns poucos quilômetros de estrada foram criados, mas nunca nenhuma ponte para atravessar os inúmeros rios que cruzam a estrada, foi construída. Abandonada após alguns anos, hoje ela serve apenas para aventureiros que a utilizam para passear de moto, bicicleta ou mesmo a pé, como no caso do jovem McCandless. Inclusive o ônibus abandonado (conhecido hoje como The Magic Bus) que o abrigou por vários dias continua lá, levando anualmente muitos curiosos a percorrer a trilha para conhecê-lo, funcionando quase como um santuário. Não é difícil chegar ao local, mas requer cerca de um dia de caminhadas. E atenção, algumas precauções devem ser tomadas. A melhor delas é entrar em contato com guias turísticos locais, que tem um domínio maior sobre as características da região.


Como chegar: Partindo de Fairbanks, é preciso pegar a Interstate A-4, ou George Parks Highway, que conecta Fairbanks a Anchorage. Há cerca de 2 horas e 50 minutos de carro – ou 170 quilômetros aproximadamente – fica a entrada (a direita) para a Stampede Road, em oposição a entrada para o vilarejo de Lignite, que fica à esquerda. Será possível andar de carro por cerca de 20 km pela Stampede Road. A partir daí, é caminhada mesmo, por mais uns 10 quilômetros;

Melhor época para conhecer: meses de julho e agosto, verão, quando as águas dos rios ainda estão baixas, principalmente do rio Teklanika, aquele que atrapalhou os planos de retorno de Chris McCandless. Provavelmente você não encontrará uma correnteza igual àquela mostrada no filme, mas mesmo assim, o Teklanika ainda pode ser um rio bastante perigoso;

Onde ficar: se não quiser ficar numa cidade grande, como Fairbanks ou Anchorage – o que é mais indicado – a região do Denali National Park e do município de Healy é bem servida por pousadas e hotéis;

Onde se informar: importantíssimo, não tente seguir a trilha sem as devidas precauções. Você vai encontrar todas as informações necessárias na entrada do Denali National Park. Além dos procedimentos corretos para seguir a trilha, os guias provavelmente tentarão tirar a idéia de conhecer a trilha da sua cabeça. Não pelo perigo, mas segundo eles, porque existem trilhas muito mais bonitas no parque – e fora dele – para se conhecer.

OK senhores guias, acreditamos que elas realmente são mais bonitas. Mas em que outra trilha encontraríamos os passos de Sean Penn, Emile Hirsch e do prórpio Chris McCandless?

Ah, tem outro detalhe: a região é habitada por ursos, ok?


Making off
- Nenhum dublê foi usado nas cenas de Emile Hirsch em Na Natureza Selvagem;
- Foram necessárias 4 viagens ao Alasca, em diferentes épocas do ano, para a gravação de cenas, ainda assim, o orçamento de Na Natureza Selvagem foi de apenas US$ 15 milhões;
- A
trilha sonora do filme ficou a cargo de Michael Brook, Kaki King e Eddie Vedder (vocalista do Pearl Jam). Esse trabalho de Eddie Vedder foi seu primeiro álbum solo e obteve nomeação para vários prêmios nas categorias de melhor canção e melhor trilha sonora;
- Concorreu a 2 Oscars, melhor ator coadjuvante e melhor trilha sonora;

A São Francisco de David Fincher


Zodíaco (Zodiac)


David Fincher, o diretor, veio dos videoclipes. Vogue, da popstar Madonna, foi o mais famoso deles, e que provavelmente abriu suas portas para o cinema. Mas essa transição não foi muito celebrada. Logo de início, Fincher se viu no meio de uma briga de gigantes ao assumir o comando de uma franquia conhecidíssima do público, os filmes de ficção da série Alien, iniciada por Ridley Scott e com uma seqüência ainda mais elaborada de James Cameron. Alien 3 deixou muitos fãs decepcionados, principalmente pela mudança de estilo visual e o próprio andamento da história. Fincher jogou no lixo tudo que Cameron havia criado no segundo episódio, e praticamente começou do zero o terceiro capítulo. No meu entendimento, funcionou muito bem. O primeiro filme era inovador e tinha um estilo limpo, com bastante suspense. No segundo, Cameron levou a franquia para o lado da diversão, construindo um filme de ação de cair o queixo. No terceiro, a ação ficou em segundo plano, e o suspense voltou com força total, mas desta vez com um ambiente sujo, num planeta-prisão, onde não existiam armas. É inovador, plasticamente bem construído e já denunciava o estilo que o diretor viria a desenvolver mais tarde, em Seven, Os Sete Crimes Capitais (Seven) e Clube da Luta (Fight Club). Mas talvez não era o estilo que os fãs da franquia queriam ver na tela, principalmente após o sucesso do segundo capítulo.


O que veio depois, na carreira de Fincher, comprovou que o filme Alien 3, nas mãos de outro diretor, poderia ter sido uma catástrofe. O diretor tentou colocar o seu conceito na franquia, mas a intromissão do estúdio e produtores acabou por atrapalhar o resultado. Três anos mais tarde, e com muito mais liberdade criativa, Fincher lançou o filme que definiria o gênero policial dali em diante: Seven, Os Sete Crimes Capitais (Seven), com seu visual único, o suspense em escala ascendente e um final, ah o final, que deixou todos em transe, trouxe de volta a moral que Alien 3 usurpou. Depois vieram Vidas em Jogo (The Game), impressionante, porém pouco compreendido; Clube da Luta (Fight Club), o filme a frente de seu tempo; O Quarto do Pânico (Panic Room), mais comercial, porém ainda de bom tamanho; e por fim este Zodíaco (Zodiac), mais um filme sobre um serial killer, mas desta vez, um assassino real e que nunca chegou a ser capturado. Fincher, para desespero dos fãs, mudou totalmente o estilo que o consagrou e fez um filme muito mais lento do que de costume. Para alguns, demasiadamente longo e cansativo. Para outros, um magnífico trabalho de reconstituição de época e de fatos históricos, além de preservar o suspense mesmo quando se sabe o final da história. Fico com este último grupo. Mas sou suspeito porque sou fã de seus trabalhos.


Em Zodíaco, Fincher não quis mostrar corpos em decomposição ou uma investigação implacável capitaneada por detetives antagônicos, como aconteceu em Seven. Aqui, nossos olhos acompanham o repórter que recebeu a carta do assassino e tentou traduzi-la para a polícia. Não é um jogo de gato e rato, e sim um estudo minucioso da mente destes gatos, que sacrificaram suas vidas pessoais em busca deste assassino. Em certos momentos, a investigação torna-se um sacrifício incompreensível a um ser humano comum. Um trabalho que consumiu anos das vidas de todos os envolvidos, sem mesmo se chegar a uma conclusão satisfatória. E para retratar de forma convincente esta busca, o ritmo precisava ser mais lento, investigativo e documental. Não era uma busca cheia de ação, perseguições ou tiroteios. Era preciso muito mais calma aliada a altas doses de realismo para retratar este período. Exatamente o que se vê na tela.


Fincher chegou a conclusão que era preciso largar o estereótipo de diretor de filmes com final surpreendentes, os quais podem ao mesmo tempo lançar a carreira de um diretor as alturas, assim como jogá-lo no inferno se não apresentar projetos cada vez mais ousados. Zodíaco foi uma ótima saída, e serviu para demontrar que talento, independete de estilo ou gênero de filme, não falta ao diretor. Um final surpresa e um ritmo ágil nem sempre são garantia de um bom filme, é só conferir as seqüências intermináveis – e cada vez mais absurdas – de filmes como Jogos Mortais (Saw), que segume a risca a cartilha do diretor, mas sem a sua genialidade. Por outro lado, David Fincher na direção, pelo que podemos acompanhar até agora, parece ser sempre uma boa aposta.


As filmagens de Zodíaco em São Francisco duraram apenas 20 dias. Segundo o produtor Brad Fischer, a cidade é muito cara, e não seria viável e prático filmar tudo por lá. Até onde isto é uma verdade, não podemos saber, pois o filme anterior, Milk, foi rodado quase que inteiramente na cidade, também retratrando os anos 70 e 80, e ainda assim não ultrapassou a casa dos U$ 15 milhões. Zodíaco saiu por cerca de U$ 85 milhões. Mas, independente dessa diferença entre orçamentos, alguns pontos na cidade, representando os anos 70, podem ser identificados. É o caso do Red’s Java House, no píer 30 do distrito de Embarcadero. Um ótimo lugar para comer um hambúrguer com fritas, a um preço acessível e com um visual incrível da Baía de São Francisco. Se preferir outra comida, do tipo italiana quem sabe, pode-se comer muito bem no Original Joe’s, número 144 da Taylor Street, entre a Eddy Street & Turk Street. Este restaurante foi inaugurado em 1937 e fica na região de Tenderloin, conhecida por ser o local de moradia de muito imigrantes, operários, artistas e sem teto. Isso faz com que o aluguel de apartamentos, predominantemente pequenos e de apenas um quarto, seja bem acessível. Também por isso, será fácil encontrar comida barata na região, principalmente em restaurantes étnicos, como chineses, coreanos, tailandeses e italianos. Mas lembre-se, Tenderloin não é o que podemos chamar de um bairro turístico.


Ainda na cidade, outro local utilizado nas filmagens foi a First Streeet, entre a Howard e Mission Streets, na cena onde vemos o detetive Toschi e seu parceiro, sentados num carro quando recebem pelo rádio a notícia de que uma nova carta do Zodíaco, após 4 anos de silêncio, é entregue no jornal The Chronicle. Dali eles saem em disparada em direção ao jornal. Outro local onde a equipe passou, desta vez fora de São Francisco, foi o Lake Berryessa, no condado de Napa, um lugar famoso pelo cultivo de uvas que posteriormente são transformadas em vinhos, muitos deles premiados mundo afora. Ali fica a hoje conhecida Zodiac Island, o local exato onde um casal foi atacado em 1969. A mulher não sobreviveu, mas o namorado, seriamente ferido, conseguiu sobreviver ao ataque. O que chama atenção neste ponto é o realismo que Fincher queria colocar no filme. De 1969 a 2007, quase todas as árvores que estavam lá morreram. A produção então, como se fosse algo muito simples, plantou 24 árvores no local, cada uma medindo cerca de 15 metros de altura e pesando quase 6 toneladas. Todas chegaram de helicóptero. Tudo pelo realismo.


O Lake Berryessa é conhecido por outra atração, bem mais inusitada que a Zodiac Island, se isso for possível. O lago foi formado pela represa Monticello, e no local podemos encontrar vários hotéis e resorts, além de inúmeros grupos de praticantes de esportes aquáticos. O que é tão fora do comum, no entanto, é que o lago possui um ralo. Um não. O maior ralo a céu aberto do mundo, que serve apenas para escoar a água do lago sem passar pelas turbinas, quando o nível deste está muito alto. É proibido – e altamente desaconselhável – nadar nesta região do lago. Então não se esqueça, quando estiver conhecendo os vinhedos do famoso Napa Valley, não deixe de conhecer o maior ralo do mundo. Parece piada, mas juro que não é.


Making off:
- O roteirista Shane Salerno teve a preferência de compra do livro de Robert Graysmith quando tinha apenas 19 anos. Durante anos ele e Graysmith desenvolveram o roteiro do filme, até que os direitos de adaptação foram negociados com a Touchstone Pictures. Mesmo após a venda, Salerno escreveu várias versões do roteiro, encomendadas por diversas administrações da Touchstone;
- O orçamento de Zodíaco foi de US$ 85 milhões;
- As logomarcas da Warner Bros. e Paramount que aparecem no início do filme são idênticas as usadas nos filmes de 1969;
- O primeiro assassinato que Zodíaco cometeu não aparece no filme. O crime aconteceu no lago Herman.

São Francisco do soberbo Milk, A Voz da Igualdade.


Milk, A Voz da Igualdade (Milk)


Duas frases se destacam quando falamos sobre Milk (filme e personagem), ambas na voz de Sean Penn, seu protagonista. A primeira, ainda no filme, revela “Meu nome é Harvey Milk, e eu vim aqui para recrutar vocês”, dita pelo próprio Harvey Milk, em busca de militantes numa causa importante, o direito de igualdade a todos os homens, independente da cor, raça ou preferência sexual. A frase ficou gravada como marca registrada do ativista, interpretado por um Sean Penn inspiradíssimo, bem lonje da época em que era conhecido como ex-marido da Madonna. Aliás, seus últimos filmes como ator tem lhe proporcionado atuações incríveis, é só conferir filmes como Sobre Meninos e Lobos (Mystic River), de Clint Eastwood, A Grande Ilusão (All the King’s Men), onde interpreta outro homem público, e neste Milk, coroando seu trabalho com um Oscar de melhor ator em 2009. Seu amadurecimento, no entanto, não foi só na frente das câmeras. Em 2007, Sean Penn dirigiu um filme chamado Na Natureza Selvagem (Into the Wild), inspirado em um livro de mesmo nome, um Best-seller do mesmo autor de No Ar Rarefeito, John Krakauer. O filme conta a vida do adolescente Christopher McCandless, que após terminar a faculdade, se livrou de tudo o que possuia, inclusive documentos, e foi viajar pelo mundo. Penn esperou cerca de 10 anos para poder dirigir o filme, após conseguir a aprovação total da família do adolescente. O resultado é um filme maravilhoso, na história, na fotografia e nas interpretações, principalmente de Emile Hirsch, que chegou a emagrecer 18 quilos na fase final do personagem.


Em Milk, a atuação de Penn beira o realismo, que aliás é o tom que predomina no filme. Feito em estilo semi-documental, o filme insere imagens reais da época, além de alternar ângulos e tipos de película (envelhecida, estilo super 8), permitindo que tudo se pareça muito real. Inclusive as interpretações, não só de Penn, como também de Emile Hirsch, praticamente irreconhecível, Josh Brolin, o irmão mais velho de Os Goonies (The Goonies) e James Franco, o filho do Duende Verde em O Homem Aranha (Spider Man). Todos entregam atuações absolutamente humanas, intimistas e extremamente realistas. O filme merecia o Oscar de melhor diretor e melhor filme, pois é uma bela obra, feita para emocionar, sem se apoiar em clichês ou pieguices típicas do gênero. Algumas cenas íntimas entre os casais homossexuais podem chocar os menos avisados, mas são necessárias para dar a vitalidade e verossimilhança ao filme. Caso contrário, não entenderíamos tanta militância, tanta luta em prol de uma simples atitude: direitos iguais a todos os homens. Um belo tributo a um homem que, aos 40 anos, achava que não tinha feito nada que pudesse se orgulhar. Mudou-se de cidade e, conforme ele mesmo previu, não chegou aos 50 anos. Mas o que fez nestes 10 últimos anos deixou orgulhosos milhões de pessoas ao redor do mundo, e não só homossexuais, de quem defendia os direitos. Seus gestos e ações ecoam ainda hoje.


O que nos leva à segunda frase, dita também por Sean Penn, mas desta vez fora do filme, no exato momento em que recebeu o Oscar de melhor ator por seu trabalho em Milk. Penn disse: “Aos que votaram contra o casamento gay, envergonhem-se”. A frase se refere ao momento em que a cidade de São Francisco estava passando na época do lançamento do filme, onde uma nova lei estava para ser aprovada, impedindo que casais do mesmo sexo tivessem uma união protegida por lei. Esta prática era permitida até então, e diante deste fato, podemos ver que a realidade vivida por Milk nos anos 70 e 80, não é tão diferente do que estamos presenciando hoje. Harvey Milk morreu como um mártir de uma luta em favor das minorias. Mas sua presença hoje parece se fazer mais necessária do que nunca. É a constante hiprocrisia que parece fazer parte da epiderme do ser humano.


Milk, A Voz da Igualdade não é só um excelente retrato de uma época de militância gay que veio garantir muitos dos direitos dos homossexuais no País inteiro, mas conta também uma parte importante da história da cidade de São Francisco. Podemos claramente acompanhar a formação da comunidade gay na cidade, que ocupou de forma intensa e sistêmica a Castro Street. E é nesta rua, complementada pela Market Street, que acontece a maioria das passeatas e protestos, inclusive a emocionante passeata final, com milhares de pessoas marchando com velas acesas nas mãos. O apartamento de Milk – verdadeiro e no filme – ficava na Lower Haigh Street, e de seu oponente Dan White ficava no Excelsior District. Ainda podemos ver no filme o prédio da prefeitura da cidade, a City Hall, na 1 Dr. Carlton B. Goodlett Place, que aparece num discurso que Milk dá para milhares de ativistas, além do Federal Building, número 55 UN Plaza. Neste prédio, foram feitas algumas internas para representar a City Hall e também as salas de reunião dos membros do conselho municipal, do qual Harvey foi eleito.


Um parque que podemos ver no filme, e que vale uma visita por nos brindar com uma belíssima vista da cidade, é o Duboce Park, na região de Duboce Triangle e Lower Haighs. Na extremidade oeste do parque fica o Harvey Milk Recreational Arts Building, número 50 da Scott Street, centro que mantém aulas de música e danças, exposições fotográficas e demais demostrações artísticas. Um ótimo local para rever partes da história deste nobre homem.

E sim, como qualquer filme ambientado na cidade de São Francisco, a ponte mais famosa do mundo está lá. A Golden Gate figura várias vezes na história, inclusive com imagens da década de 70.


Making off:
- Ganhou 2 Oscars, nas categorias de Melhor Ator (Sean Penn) e Melhor Roteiro Original. Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Josh Brolin), Melhor Edição, Melhor Figurino e Melhor Trilha Sonora;
- A transformação sofrida por Sean Penn para interpretar Harvey Milk incluiu o uso de dentes e nariz protéticos, lentes de contato e um novo visual de cabelo;
- O apartamento usado para as filmagens foi o local onde Harvey Milk viveu em San Francisco;
- O orçamento de Milk - A Voz da Igualdade foi de US$ 15 milhões;
- Por 15 anos o diretor Gus Van Sant tentou realizar a cinebiografia de Harvey Milk. Ao longo deste período vários atores estiveram cotados para o personagem principal, como Robin Williams, Richard Gere, Daniel Day-Lewis e James Woods.