sexta-feira, 16 de julho de 2010

a Los Angeles do passado, presente e futuro, em Back to the Futuure


De Volta para o Futuro (Back to the Future)


Falar sobre De Volta para o Futuro – e rever De Volta para o Futuro – é fácil e extremamente divertido, afinal o filme foi concebido como uma aventura juvenil com pitadas de comédia e ficção científica. Uma produção típica do verão americano, criada para entreter sem compromisso, dar risadas prazerosas e torcer pelo mocinho. E ela cumpre os objetivos, com louvor e estrelinhas. Tudo na produção foi perfeito. A escalação de Michael J. Fox como o jovem Marty McFly – Eric Stolz chegou a gravar algumas cenas, mas foi cortado logo no início por não convencer como adolescente – Christopher Lloyd como o amalucado doutor Emmett Brown; uma história muito bem amarrada sobre viagens no tempo e uma música, “The Power of Love” de Huey Lewis, que se tornou símbolo da aventura, juntamente com o DeLorean, a máquina do tempo mais interessante já inventada. De Volta para o Futuro é identificado hoje através de uma sigla, quase uma marca registrada, BTTF, possui vários sites e blogs, que são atualizados constantemente – os filmes são de 1985, 1989 e 1990, respectivamente – e vende miniaturas do DeLorean a rodo pela internet. Mesmo quem não tem uma videoteca em casa, tem uma cópia da trilogia De Volta para o Futuro na estante. Se não tem, toda vez que vê nas lojas, pensa em comprar. Só fica na dúvida se leva esta, ou a trilogia (agora quadrilogia) Indiana Jones.


Isso só acontece com obras superiores, idealizadas por mentes igualmente superiores: Coppola com O Poderoso Chefão; Spielberg com Indiana Jones; mais recentemente os irmãos Wachowski com Matrix e Robert Zemeckis com este BTTF. Todas marcaram época e ditaram moda no seu gênero. E todas continuam vivas e pulsantes nas mentes e corações de cinéfilos mundo afora. Basta ver a capa desses filmes nas locadoras, ouvir a música tema nas rádios ou ver uma chamada de sua reapresentação na TV, que todos os sentimentos e emoções da primeira vez que vimos os filmes, voltam a tona. E se tivermos tempo, com certeza estaremos na frente da TV para revermos qualquer um deles novamente. Assim é um clássico. Um filme que não se esquece, não envelhece e não morre. Quando menos se percebe, estamos mais uma vez acompanhando a mesma história, repetindo as falas e vibrando com as cenas de ação. Viramos uma criança que acabou de ganhar um brinquedo novo. E nessa hora, como toda criança, é melhor não nos interromper.


O final de BTTF deixava muito mais que um gostinho de quero mais. Deixava uma ponta solta cheia de tantas possibilidades que não demorou muito para os produtores voltarem ao trabalho. Claro, tudo dependia da bilheteria do primeiro filme. E obviamente, o resultado não podia ser melhor, com quase U$ 400 milhões arrecadados pelo mundo. Sinal mais do que verde para uma continuação. E o que foi noticiado a seguir deixou todos cinéfilos empolvorosa. O filme não teria uma, mas duas continuações. E o melhor, seriam rodadas simultaneamente e lançadas no cinema com um itervalo de 6 meses apenas. Algo que viria a se repetir anos mais tarde com o sucesso de Matrix. E, assim como aconteceu com a trilogia Matrix, um dos filmes rodados simultaneamente sofreria com o corre-corre da produção. No caso de BTTF, os dois filmes sofreram. O segundo filme teve problemas com a história, que fez os protagonistas irem e voltarem no tempo tantas vezes que foi necessário dar uma pausa no filme para explicar em que pé estava o enredo. O terceiro sofreu com o ritmo, que claramente demonstrava o cansaço de todos envolvidos na produção. O próprio diretor, Bob Zemeckis, admitiu a falta de tempo para cuidar melhor de cada filme. Mas ainda assim, os dois filmes tem o doce sabor do sucesso de Hollywood. Entretem e divertem, e no final, após tantas reviravoltas, concluem a odisséia de Marty McFly de uma maneira digna e plausível, deixando um irremediável sentimento de saudade. De Volta para o Futuro é uma trilogia para ver e rever, quantas vezes quiser e puder. E mesmo sabendo de tudo que vai acontecer, não tem como desviar as atenções da tela por um minuto sequer. That’s the Power of Love, já dizia Huey Lewis.


E se rever o filme desperta uma gostosa sensação de saudosismo, espere para chegar aos locais de gravação, a maioria ainda de pé e intacta. Como é o caso da filial de fast food Burger King, que aparece logo no início do filme, após a cena de abertura onde Marty McFly explode uma caixa de som de tamanho absurdo. Com a canção tema de fundo, acompanhamos o adolescente andando de skate e pegando carona na traseira de uma caminhonete, que saía da lanchonete. Ela ainda existe, exatamente como vemos no filme, no mesmo endereço, número 535 north da Victory Boulevard, em Burbank, a apenas 15 minutos ao norte de Los Angeles. E o shopping onde toda a confusão acontece, o Twin Pins Mall – ou Lone Pine Mall, preste bem atenção no filme – é na verdade o Puente Hills Mall, número 1600 da Azusa Avenue, City of Industry, 25 minutos a leste de Los Angeles.


Que tal dar uma passadinha na casa da família McFly, que ficava na pitoresca Lyon Estates, na fictícia cidade de Hill Valley, com as gigantescas torres de energia elétrica de fundo. Ela também existe – a casa, e não a cidade – e continua do mesmo jeito, no número 9303 da Roslyndale Avenue, Pocoima, a cerca de 25 minutos ao norte de Los Angeles. Ou então, que tal conhecer a moradia de doutor Emmett Brown, no ano de 1955? E aqui a notícia não poderia ser melhor. Esta casa é aberta a visitação. Não pelo fato de ter participado do filme, mas por ter sido uma das residências do casal David e Mary Gamble, um dos sócios da “pequena” empresa Procter and Gable. Já ouviu falar? Pois então, o casal morreu em 1920, mas a casa permaneceu com a família por muitos anos, até que um dos filheos decidiu vendê-la. Quando ouviu de um dos interessados na compra, que gostaria de pintar a casa porque a achava muito escura e sombria, o filho percebeu que o local deveria ser preservado, afinal, a casa foi projetada por dois dos arquitetos mais famosos dos EUA, os irmãos Charles e Henry Greene. E assim foi feito. A casa é mantida hoje pela University of Souther Califórnia, e pode ser visitada diariamente. A casa se chama, obviamente, The Gamble House, e fica no número 4 da Westmoreland Place, em Pasadena, a cerca de 20 minutos a nordeste de Los Angeles. Não é permitido fotos no interior da casa. Fato esse que não atrapalha a visitação, pois o interior da casa, que aparece no filme, não foi filmado na Gamble House. As internas – inclusive a porta de entrada – foram filmadas em outra criação dos arquitetos Greene, chamada RR Blacker Hill House, e também fica em Pasadena, no número 1177 da Hillcrest Avenue, região de Oak Knoll. E por último, as casas do futuro pai de Marty, George McFly e da futura mãe, Lorraine, também ficam em Pasadena. No filme, elas estão uma de frente para a outra. Mas na realidade, não é bem assim. Ficam na mesma rua, e ainda no mesmo lado, nos números 1711, casa de George, e 1727, casa de Lorraine, onde Marty é atropelado quando vai salvar George do acidente que deveria estar fazendo parte, no meio da Bushnell Avenue, South Pasadena. É ali, neste pequeno endereço, que a verdadeira confusão se inicia.


E as sequências, onde foram filmadas? Ora, no futuro e no passado, respectivamente. Brincadeiras a parte, a continuação do primeiro filme mescla cenas do futuro, no centro da cidade de Hill Valley, novamente em estúdio, e cenas de 1985 e 1955. Nste último ano, podemos destacar o túnel onde Marty McFly, escondido no banco de trás do caro do jovem Biff, tenta recuperar o almanque esportivo do futuro, a causa de toda a confusão deste segundo filme. Ele fica em Griffith Park, número 4730 da Crystal Springs Drive, em Los Angeles ainda, mesmo túnel usado para a entrada na “Desenholândia”, Em Uma Cilada para Roger Rabitt (Who Framed Roger Rabitt?), também dirigido por Robert Zemeckis. Já no terceiro filme, o destaque fica para as sequências filmadas em Monumet Valley, no Arizona, a aproximadamente 12 horas de carro de Los Angeles. Longe, mas se sobrar tempo, vale a pena visitar o deserto predileto de Hollywood para filmar faroestes. Mas é claro, se você tiver um DeLorean capaz de viajar no tempo, essa escapadinha de Los Angeles não vai lhe custar nem um minuto sequer. Como é bom sonhar com as aventuras do cinema.


Making off
- O ator Crispin Glover (George McFly) foi cortado das continuações porque, após o sucesso do primeiro filme, queria receber um cachê que segundo a produção era maior que o de Michael J. Fox. Assim o roteiro foi mudado e o personagem não aparece (pois foi morto numa realidade alternativa do tempo);
- Em De Volta Para o Futuro 2, um cinema do futuro anuncia o lançamento de Tubarão 19, dirigido por Max Spielberg.
Steven Spielberg, um dos produtores executivos do filme, realmente tem um filho chamado Max;- Quando Marty McFly chega em 2015, ele olha pela vitrine de uma loja de antiguidades e lá vê uma jaqueta que ele mesmo usava em 1985, um boneco do personagem Roger Rabbit e um jogo da Nintendo baseado no filme Tubarão, de 1975. Trata-se de uma homenagem a Tubarão, grande sucesso de Spielberg, e a Uma Cilada Para Roger Rabbit, dirigido pelo próprio Robert Zemeckis;
- O Almanaque que é entregue ao jovem Biff dizia que em 1997 um time da Florida ganharia o Campeonato Nacional de Baseball. Pois em 1997, o Florida Marlins, um time que nem existia quando De Volta Para o Futuro 2 foi realizado, ganhou o Campeonato Nacional de Baseball;
- A banda que toca no Festival da Cidade, na terceira parte da trilogia, é "ZZ Top", que escreveu e tocou a música DoubleBack, para a trilha sonora do filme;
- De Volta Para o Futuro I ganhou o Oscar de Efeitos Especiais e foi indicado para melhor Roteiro, Som e Música (Power of Love);
- Originalmente, a máquina do tempo seria uma geladeira e não o DeLorean. Robert Zemeckis disse numa entrevista que ele e Steven Spielberg descartaram essa idéia, pois não queriam que crianças entrassem em geladeiras e ficassem presas;
- Steven Spielberg, produtor do filme, é o motorista da pick-up que dá uma "carona" a Marty até a escola, no começo do primeiro filme;
- O jurado da "Batalha das Bandas", que fala que Marty toca muito alto, é Huey Lewis, autor da música “The Power of Love”;
- No versão lançada nos cinemas, não havia a frase "To Be Continued..." no final de De Volta Para o Futuro. Essa frase só foi adicionada na versão em vídeo do filme, lançada em 1986, quando a Universal já planejava fazer a sequência, que eles esperavam que saisse em 1987. De Volta Para o Futuro II foi lançado em 1989;
- No segundo filme, há veículos utilizados em "Blade Runner" e "O último guerreiro das estrelas" estacionados ao redor da praça, durante a perseguição no hoverboard.

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