quinta-feira, 24 de junho de 2010

Paris de Ethan e Julie - Antes do Pôr-do-Sol


Antes do Por-do-Sol (Before Sunset)


Antes do Por-do-Sol é a sequência de Antes do Amanhecer (Before Sunrise), onde um jovem casal se conhece numa viagem de trem, conversam sobre as ansiedades daquele momento de suas vidas, sem o peso e a responsabilidade da vida adulta, e se separam ao final, com a promessa de se reencontrarem exatos 6 meses depois. Um filme independente, simples e leve, mas com uma noção incrível da realidade que nos cerca, demostrada principalmente através das falas precisas escritas pelo próprio diretor. Muitos ainda acham que era um filme único, que não precisava de mais explicações numa mera continuação. A dúvida ficaria no ar: será que eles realmente se encontraram 6 meses depois? Bom, obviamente este segundo filme esclarece a dúvida. Mas se engana quem acha que esta continuação tirou o encanto do primeiro filme. Neste novo encontro, 9 anos após a madrugada romântica em Viena, saem de cena os sonhos e devaneios da juventude e entram as preocupações da vida adulta, as perguntas sem respostas, e a terrível questão, e se? Muitos “e se?” são colocados ao longo do filme, levando o expectador a seguir o casal através de intermináveis – porém deliciosas – caminhadas pelos mais diversos cantos de Paris. Sempre recheadas de diálogos primorosos – muitos deles resultado do improviso da dupla de atores – e é claro, belos cenários.


No início do filme, o personagem de Ethan Hawke está dando autógrafos numa conceituada livraria da cidade. O nome desta livraria? Shakespeare and Company. Bom, aqui cabe esclarecer uma questão. A Shakespeare and Company original, aberta em 1919 por Sylvia Beach, não ficava neste endereço, e sim no número 8 da rue Dupuytren. Dois anos depois, Sylvia levou a livraria para um espaço maior, no número 12 da rue de l'Odéon, onde permaneceu até 1941, quando foi fechada por força da invasão da França pelos soldados de Hitler. Em 1951, número 37 da rue de la Bûcherie, bem pertinho da catedral de Notre Dame, foi aberta uma livraria semelhante a Shakespeare and Company, de nome Le Mistral. O proprietário era o inglês George Whitman. Após a morte de Sylvia Beach, Whitman resolveu prestar-lhe uma homenagem, trocando o nome de sua loja, surgindo assim a Shakespeare and Company da rue de la Bucherie. Hoje, é a filha de George Whitman, Sylvia, quem comanda a livraria.


De lá, o casal sai caminhando pela cidade, e a primeira parada é, claro, um café! Este fica há cerca de 3 quilômetros da livraria, do outro lado do Sena, perto da região da Bastilha, no 11º arrondissemente (Popincourt), número 14 da Rue Jean-Macé. Pode-se chegar através do metrô, mas a melhor maneira é caminhando, sempre. Paris, assim como NY, deve-se conhecer a passos curtos, calmos e contemplativos. O café em questão se chama Le Purê Café, mais parisiense, impossível. Assim como o passeio de barco, pelo Sena, que os dois pombinhos fazem a certa altura do filme. Imperdível. O barco que eles usaram pertence a empresa Canauxrama, mas existem inúmeras empresas que fazem estes mini-cruzeiros pelo Sena. Sua provável saída foi do Port de Montebello, margem esquerda do Sena, bem ao lado da Notre Dame. Um detalhe, esta empresa, Canauxrama, também faz pequenos cruzeiros pelo Canal St. Martin, o mesmo canal de Amelie Poulain, com suas diversas eclusas e pontes de metal. O destino final deste passeio, pouco prestigiado pelos turistas, é o Parc de La Villette e seu cinema em forma de globo prateado. Se tiver um dia livre, aproveite.


Mas antes de chegar ao barco, o casal sai do café e percorre, em sua caminhada, um local incrível da cidade, também pouco visitado por turistas. Trata-se da Promenade Plantée, sobre o Viaduc dês Arts, há 1,5 quilômetros do café. Nada mais é que um antigo elevado, por onde passava uma antiga linha de trem, hoje transformado num excelente local para caminhadas, repleto de verde e flores. Debaixo do elevado fica o Viaduc dês Arts, uma espécie de galeria com várias lojas e ateliês para inúmeros artistas. Um belo passeio, tudo bem próximo a Gare de Lyon e a Opera Bastile, uma estação de trem e um famoso ponto turístico da cidade. Não tem como errar.
E por fim, o apartamento de Celine, onde acontece uma das cenas mais belas do filme, também fica perto da região da Bastilha. O local se chama Cour de l'Etoile d'Or, mais uma daquelas típicas vielas da cidade, com uma pequena rua pavimentada com blocos de pedra, rodeada de pequenas casas, coladas umas nas outras, cada uma com seu pequeno jardim, muito bem cuidado. A entrada é pela Rue Du Faubourg Saint-Antoine, que se inicia na praça da Bastilha.


Sem comentários:

Enviar um comentário